as coisas que temos, que nos oferecem, que compramos ao longo dos anos, e que com as mudanças de gosto, de casa e outras que tais, vão-se perdendo precisamente com o tempo. e depois há aquelas coisas que vão ficando, vão permancendo junto das coisas boas, das que gostamos, das que nos recordam algo. esta jarra é uma dessas coisas. oferecida por um amigo há muitos anos atrás, foi ficando.
ora no quarto, ora na sala, ora no hall, mas anda sempre por aqui. com uma flor, duas ou três. como aqui nesta manhã, ainda na nossa outra casa. estava no quarto, junto a este livro, com umas papoilas rosa que encontrei na rua. papoilas que duram pouco, mas sabem tão bem, sejam as vermelhas ou estas tão bonitas com os tons rosa e roxo. e é assim… a vida das coisas que temos.
e as coisas que temos, será que mandam muito na nossa vida? seriam capazes de largar todas as coisas que têm, vender ou dar? a minha amiga marianna e o namorado rick fizeram isso. nos últimos meses prepararam-se para uma aventura destemida pelo mundo. começaram no dia 1 5 de maio, partiram de ny para londres e depois madrid e agora barcelona. e quem sabe que país virá a seguir? seriam capazes desta audácia? deste desprendimento perante as coisas que juntaram ao longo da vossa vida, e partir assim à aventura durante tanto tempo?
the things we have, the things we buy or are offered to us, and the things that get lost along the years as well, with the shift of our own taste, or when we move from a place to another. things arrive at our door step and are also left behind for numerous reasons! but then there are those things that stick with us for some reason. things that we like, no matter how much our taste shifts, things that bring us sweet memories. this vase is one of those things, though it has no particular sweet memory attached to it.
the years have passed and this little vase has always been here, sometimes in the hallway, sometimes in the bedroom, or in the living-room. but being simple and pretty as a crystal vase, it adapted easily no matter my taste at the time. on this picture it was placed on my bedside table, on my former house, next to this beautiful book by jose villa and a few pink poppies i had picked wild on the road. and this is it… the lives we live, the things we have.
and i wonder if the things we have, run our lives or not. are we too attached to these things we collect through our lives? or could we simply leave with these things behind without looking back? well, my friend marianna and her boyfriend rick did exactly this. they prepared themselves in these last months for quite a journey! a year and a half traveling through the world in a fearless adventure, so that they could meet other artists, so that they could feel they were living big, to search and document mari’s family spread all over the world. they got rid of almost everything they owned and started their journey last week. from new york, to london, to madrid and now barcelona, and who knows what follows!
would you do this? would you leave in such an adventure? follow theirs here!
Dulce says
Quase todos os objectos que possuo por este ou aquele motivo têm um significado especial para mim.
Admiro muito as pessoas que largam tudo e partem à aventura; se não tivesse duas filhotas pequeninas, e se o meu marido alinhasse , por muito que goste das minhas coisas , acho que não iria ter medo de perder tudo porque iria ganhar muito mais no fim :)
claudia says
exactamente dulce, também acho que se ganharia bastante! acho que o problema é que na nossa sociedade dificilmente se chega à idade adulta sem contas por pagar, nem que seja um carro ou uma casa. que por vezes não se vende e nos prende, por exemplo. não tenho filhos, mas pensaria nas responsabilidades que fui adquirindo ao longo dos anos de adulta. ou seja, por mais que me despegue das coisas e partisse à aventura, teria de arranjar forma de pagar essas coisas. se não fossem essas coisas, a sensação de poder partir a qualquer momento sem nada de material que me prenda é deliciosa.
sara (kanpai) says
sssssssiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmm!
quanto mais viajo, mais me desprendo das coisas. a sério, precisamos de muito pouco para viver feliz.
claudia says
isso é verdade, não precisamos de muito para sermos felizes, às vezes é que não vemos logo isso. estou numa casa maior e penso tantas vezes na pequenina onde estava. era tão acolhedora e tão bonita. com os seus defeitos, mas tão à minha medida. e claro sinto que fui muito feliz ali, mesmo com pouquinho espaço. :)
ana says
Sim, sem dúvida, já o fiz quando deixei tudo para vir para Barcelona e tenho que admitir que no momento exacto em que me senti sem nada, me senti tão cheia, tão completa. tão livre.
E essa liberdade tem qualquer coisa de mágico.
Depois é claro que voltamos outra vez a acumular algumas coisas e a sentirmos-nos bem em criar o nosso espaço, mas a verdade é que deixar tudo uma vez nos faz mudar de perspectiva em relação às “coisas”.
No fundo é um ciclo, é bom destruir para voltar a construir para depois destruir outra vez e assim vamos evoluindo e vivendo :)
claudia says
bem essa tua perspectiva é muito bom… destruir para construir, para destruir e voltar a construir de novo. mas sabendo que a cada vez que constróis, constróis de forma mais consciente, mais completa pelas experiências que foste tendo. a sensação de não ter nada deve ser gira… não sei o que é isso, porque no mínimo, acho que desde que comecei a trabalhar que tenho um carro e como fui mudando, nunca estive sem pagar um carro. ahahaha sonho com esse dia!