Cada vez que falo da zona onde vivo, falo do rio e do prazer que me dá viver ao lado deste. Ainda quando não estou mesmo junto ao rio, o prazer começa assim que saio de casa, porque quando saio do prédio, o que vejo no horizonte é o rio. É o sair de casa e não me sentir claustrofóbica por estar no meio de prédios altos sem ver o horizonte, é conseguir ver água, conseguir perceber que o pôr-do-sol vai estar esplendoroso e que em 10min. a pé posso estar sentada à beira-rio a beber qualquer coisa.
Fala-se muito da qualidade de vida de quem vive em Lisboa, e muitas vezes no sentido de termos pouca qualidade de vida. Ora por causa do trânsito, ora porque as pessoas não têm o hábito de sair depois do trabalho, ora porque tudo é caro… as razões são mais do que muitas.
No entanto, a verdade é que cada um pode opinar o que quiser e com certeza algumas pessoas assinarão por baixo destes motivos. Eu só posso falar por mim, do que faço, e do que vejo os outros fazerem. E claro, vivendo num bairro onde posso fazer tudo a pé, estando numa zona gira, trabalhando em casa e sendo freelancer, são claramente factores que ajudam a tirar partido da cidade onde vivo e da zona que escolhi para viver.
Vivo há quase 10 anos em Lisboa e há mais de 7 na Ajuda. Não trocaria este bairro por outro, ou quando muito esta zona, porque me sinto em casa. Com o Kobe exploro a Ajuda, Belém e o Restelo, vamos para Monsanto ou para o pé do rio… com os amigos tomo o pequeno-almoço aqui na zona (ai o Careca, o Careca!), vou ao CCB ou à Fundação EDP, e bebo um copo com os pés quase no rio, enquanto o sol se põe…
E o que é curioso é que estas zonas por onde ando estão sempre cheias de turistas, mas também de lisboetas. Junto ao rio encontro famílias, casais, grupos de amigos ou pessoas sozinhas a passear, caminhar ou a correr. As esplanadas estão cheias, há bicicletas e cães sempre a passar!
Por isso, do que vejo parece-me até que muitos de nós sabemos tirar partido da cidade, aproveitamos o que ela tem e vivemos mais a rua, o que com o clima que temos, só faz sentido! Já quis viver em Nova Iorque, já quis mudar-me para Copenhaga. Mas acabo sempre por voltar ao mesmo sentimento de realização de que é em Lisboa que quero estar e é aqui que sou feliz.
No outro dia, depois de passear o Kobe percebi que o dia estava a terminar com umas cores esplendorosas. Sem demoras, agarrei na máquina e fui ver o dia a terminar junto à ponte. As cores do céu a contrastarem com as da ponte, e as luzes da ponte a refletirem sobre o rio fizeram as minhas delícias.
No dia seguinte, o inverso… eram 6h30 e fui com o Kobe ver o sol nascer. Foi giro, muito giro. A cidade sentia-se silenciosa ainda, e eram poucas as pessoas na rua, mas o que é certo é que já havia algumas e à medida que o relógio avançava, cada vez se viam mais pessoas a correr ou a andar de bicicleta, ainda antes das 7h da manhã. O dia nasceu tão bonito como tinha terminado 12h antes.
Ver o dia a nascer tem outro impacto sobre o que queremos fazer nesse dia. Ver o dia a nascer dá-nos um alento diferente, e coloca-nos numa outra posição perante as horas que se seguem. E isto pode parecer cliché, filosofia barata ou literatura de quiosque, mas assistir ao nascer do sol e sentir toda a cidade a acordar lentamente, sentir o movimento a aumentar devagarinho, a claridade a inundar as ruas, os candeeiros a apagar… é ter a certeza de que todos os dias que temos são diferentes, por mais rotineiros que sejam.
E a cada dia que temos é uma oportunidade nova de fazer algo diferente, de mudar essas rotinas, de acrescentar algo, de tomarmos alguma iniciativa, de tomarmos conta desse dia novo que nasceu.
Quanto a nós, passeámos durante uma hora e calmamente voltámos para casa para tomar um pequeno-almoço a dois, como só poderia ser quando se tem um cão.
Viver junto ao rio é poder fazer estas coisas e eu gosto de as poder fazer.
Facebook / Instagram / Pinterest / Etsy / Menina Lisboa
Patrícia says
Cláudia, tão bom o que escreveste.
Um dia destes também hei-de ir ver nascer o sol e a cidade a acordar (fiquei com inveja ;) )
E um grande viva! a Lisboa.
*
claudia says
Que bom receber o teu comentário Patrícia!!! *** Acho que deves fazer isso mesmo… e depois chegas à DoSemente com outro espírito! Um beijinho enorme e viva a Lisboa!!
Analog Girl says
Tu moras numa das melhores zonas de Lisboa. Adoro! E tenho de concordar, é dos lugares onde mais vejo os lisboetas a desfrutar da cidade, do rio e da luz da nossa linda cidade! :)
claudia says
É verdade… esta zona é fabulosa e uma das minhas preferidas! Continuo a adorar viver aqui! E é como dizes, o rio continua a chamar as pessoas para aqui, cada vez mais! Um beijinho***
Twins Mom says
Lindas fotos e texto, adorei este post! :)
Vivo fora de Lisboa e gosto do sítio onde vivo, mas sempre gostei muito de Lisboa, adorava aí viver e disfrutar dessa cidade, que é linda e tem uma magia única!
http://eassimsoumaisfeliz.blogspot.pt/
claudia says
Olá :) Obrigada! É sempre tão bom receber estes mimos! Lisboa é de facto especial, ainda que se calhar muitas pessoas não a saibam apreciar na sua singularidade e pensem apenas no stress. Mas claro, também sabe bem sair daqui de vez em quando. Um beijinho!!!